A canção ecoava sempre
nítida, cadenciada,
brotando do fundo do pensamento
brotando de dentro da alma:
...desenha formas de giz
decifra marcas antigas
refaz caminhos de vento
mostra os rumos da minha vida...
E se repetia na memória interminavelmente.
A memória era de uma outra "eu"
que desde sempre sabia guardada em mim.
Por muitas estradas procurei-me
para entender onde ficavam meus horizontes,
sempre cantando a cantiga conhecida
não sabida de onde.
Meus passos eram pegadas de peregrinos
que errantes, também teciam seus sonhos
no escuro capotão que os cobria.
Num caminho com cheiro de sangue, suor e lágrimas.
Ouvindo vozes de anjos e súplicas de homens,
gozo de amantes e choros de agonia.
A canção ecoante no peito e nos ouvidos,
eterna pulsação cardíaca,
fremente e tatuada em mim,
era a linha divisória
entre o hoje e o ontem, o não e o sim.
E segui andando com intento de chegar
a algum lugar que pudesse me dar um rumo...
Jamais esperando que minha própria vida
me fizesse esse favor.
Assim, percebi meus horizontes bem perto
e decifrei a canção:
...desenha formas de giz
(mensagens de luz e paz)
decifra marcas antigas
(acalentando emoções)
refaz caminhos de vento
(de vidas em que aprendi)
mostra os rumos da minha vida
mostra os rumos da minha vida
(a decifrar as lições.)
Antes que não houvesse mais no meu corpo
de vida, nem mais um sopro,
tratei de tentar vivê-la,
pra revivê-la de novo!
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